Transformar calor desperdiçado em eletricidade — e de forma sustentável? Sim, é possível.

Quem o afirma é Beatriz Santos, estudante de Doutoramento em Engenharia de Materiais do Técnico no Campus Tecnológico e Nuclear (CTN), em Loures, que participou no congresso "MATERIAIS 2025", realizado entre 1 e 3 de julho no Centro de Congressos do Instituto Superior Técnico.

Com o tema "Thermoelectric magnesium-based materials: exploring synthesis routes and outcomes", a comunicação oral de Beatriz, apresentada no dia 2 de julho, teve como objetivo demonstrar que materiais raros e tóxicos, como o telúrio, podem ser substituídos por compostos mais abundantes e sustentáveis — como o magnésio — capazes de converter o calor desperdiçado em energia elétrica.

Segundo a Beatriz, estima-se que "acima dos 50% da energia global seja desperdiçada sob a forma de calor". O trabalho de investigação que apresentou mostra que é possível recuperar parte dessas perdas através dos termoelétricos sintetizados com "induction melting" — uma abordagem que reduz o tempo de síntese de 8 horas para apenas 6 minutos, facilitando a transição do laboratório para a escala industrial, sem comprometer o desempenho.

A Beatriz tem vindo a desenvolver o seu doutoramento no CTN sob a coorientação dos investigadores António Pereira Gonçalves, do Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares, e Johannes de Boor, do German Aerospace Center, DLR.

O estudo exposto aproxima a ciência da sua aplicação prática, tornando as soluções energeticamente eficientes e mais acessíveis, tanto para a indústria como para o consumidor final. «Os detalhes importam quando tentamos explicar um fenómeno ou alcançar o melhor resultado possível. Mas, perante a urgência de encontrarmos soluções para os desafios energéticos globais, acredito que é mais importante focarmo-nos em algo funcional e útil hoje», destaca Beatriz Santos.

Saibam mais sobre o congresso, aqui: https://congressomateriais.pt/